O F5 errou ? Bela. Loura. Rica. Talentosa. As fadas-madrinhas foram generosas com Gwyneth Paltrow. Como se não bastasse, ela ainda vive um casamento feliz com Chris Martin, o vocalista do Coldplay, com quem tem dois filhos adoráveis. Gwyneth não esconde de ninguém que leva uma vida maravilhosa. Pior, até: esfrega tua "fabulosidade" pela cara de o mundo inteiro, praticamente nos humilhando com teu sorriso excelente e seus cabelos de trigo beijados pelo sol.
E tudo pela superior inocência, sem perceber que se comporta como uma patricinha desmiolada. Por isso, Gwyneth Paltrow é hoje uma das celebridades mais detestadas do planeta. Mas nem sempre foi dessa forma. Nascida em berço de ouro, filha do produtor Bruce Paltrow e da atriz Blythe Danner, Gwyneth cresceu em Hollywood chamando Steven Spielberg de "tio". Logo ela começou a filmar sem parar, e foi saudada pela crítica como uma amplo revelação. É, deixe-me dizer, uma atriz competente. A onda a seu favor culminou com um Oscar quando tinha só 26 anos, por "Shakespeare Apaixonado".
Derrotou concorrentes bem mais preparadas, como Cate Blanchett ou a nossa Fernanda Montenegro. Foi a partir daí que a bacana desejo da mídia cerca de seu nome começou a arrefecer. Havia uma assimilação de que a garota de imediato havia conquistado coisas demasiado num tempo muito curto. Mas ela não se fez de rogada, e passou a contribuir alegremente para construir a imagem de alienada "fashion". Primeiro lançou um blog chamado Goop, hoje praticamente um portal, onde dá dicas de moda e bem-viver.
Dicas essas tão caras que exercem as blogueiras de moda brasileiras parecerem Madre Teresa de Calcutá: Gwyneth sugere camisetas de duzentos dólares ou máscaras faciais de 500, como se tuas leitoras assim como tivessem milhões em tuas contas bancárias. Depois lançou 2 livros de receitas. O segundo, "It's All Good" ("Tudo É Prazeroso") saiu há pouco mais de um mês e de imediato está entre os mais vendidos nos EUA e pela Inglaterra. Bem como vem recebendo uma saraivada de opiniões, com o propósito de Gwyneth estar se convertendo uma espécie de piada ambulante. Uma resenhista alegou que é um livro para "comidófobos".
Efetivamente, as receitas da garota excluem quase todos os ingredientes de uma dieta normal: carne vermelha, ovos de galinha, laticínios, trigo, soja, crustáceos, tomates, berinjelas, milho e qualquer tipo de alimento processado. Gwyneth se defende postando que, e também intolerantes à lactose e ao glúten, ela e os filhos são alérgicos a quase tudo.
Besteira, respondem outros críticos: ela simplesmente localiza que é alérgica, sem nenhuma comprovação científica. Todavia a gritaria não se encerra por aí. Uma outra jornalista calculou quanto custaria alimentar uma família de quatro pessoas seguindo os preceitos "gwynethianos", e chegou a uma cifra assombrosa: cerca de 300 dólares por dia, mais de 600 reais. Mais uma vez a atriz se defende, alegando que os leitores menos afortunados podem substituir os ovos de pata ou o mel de cinquenta dólares por equivalentes mais baratinhos. E gente que provou as receitas admite que elas são de fato deliciosas. Tarde demais. A esta altura, Gwyneth Paltrow agora virou sinônimo de deslumbrada sem noção, uma Maria Antonieta da era da web. Porém vocês encontram que ela se importa?
Claro que não: o web site é um sucesso, os livros também, os convites para o cinema não param de regressar. Ah, e Gwyneth acaba de ser escolhida pela revista "People" como "a mulher mais graciosa do universo". Quem são os verdadeiros trouxas nesta história? Tony Goes tem cinquenta e quatro anos. Nasceu no Rio de Janeiro, entretanto vive em São Paulo desde anão. Neste momento escreveu para muitas séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens.
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